quinta-feira, 14 de junho de 2018

A PREGUIÇA MATA


BREVE HISTÓRIA

Dos meus 47 anos de vida, 35 foram dedicados ao trabalho, 30 com carteira assinada.

Sou de um tempo em que começar a trabalhar em uma idade infantil não era crime, ao contrário, era visto com bons olhos e eu comecei aos 12 com meu pai. Desde cedo aprendi a me sustentar e ajudar no sustento da casa. Meu falecido pai deixou-me poucos ensinamentos para a vida, mas os mais valiosos; Honestidade e Trabalho. Sempre me dediquei em todos os setores da minha vida. E por isso sinto ter trabalhado 50 anos em 35. 

Não conheço o sabor de "férias", nunca tive o prazer de ficar um tempo encostado "olhando" para a vida. Ao longo do tempo criei 3 filhos sozinho. Neste período, principalmente, foram poucas horas de sono e muito empenho.

Trabalhei em uma indústria por 22 anos, passando de “peão” da produção até a gerência administrativa, uma carreira de sucesso. Nessa empresa meu chefe, diretor e sócio, foi uma das pessoas mais competentes e perfeccionistas que tive a oportunidade de conhecer e trabalhar. Incorruptível, nunca arredava pé das suas convicções. Nossos planos sempre eram de crescimento a longo prazo, não esquecíamos o presente, mas o foco sempre era o futuro. Transformamos aquela pequena e humilde empresa, em uma das maiores potências do país. Quando ela "mudou" de mãos "morreu"!

Sempre me empenhei ao máximo, nada menos que 10 a 12 horas diárias de trabalho, buscando ser perfeito e essencial, como se as instituições fossem de minha propriedade. Minha visão sempre foi que meus empregos eram minha segunda casa e como tal deveria zelar delas e assim sempre fiz. Ou seja, o sucesso delas, seria o meu sucesso também!

E meus únicos vícios sempre foram os mais simples, a música e o Atlético. Qualquer amigo ou pessoa próxima pode confirmar essa pequena parcela da história da minha vida.

GUERRA

Claro que para poder seguir adiante com uma vida atribulada, cheia de afazeres e responsabilidades, você tem que estar apto para a guerra. Sempre estive apto a todas as guerras, porque mais do que saber encará-las, eu sou a própria guerra. Isso significa jamais abaixar a cabeça para nada e para ninguém, e claro, contar com bons amigos "ocultos" para lhe ajudar a seguir adiante.

Não cheguei onde cheguei sem luta e trabalho! Continuo me dedicando extremamente em tudo que faço, mesmo encontrando diversas pedras e espinhos no caminho. Acontece que nenhuma pedra e espinho turva minha visão de futuro, ao contrário, me dão mais razões de que sempre estou no caminho certo. As pedras e espinhos aparecem para serem removidos das estradas que percorremos e para estarmos atentos, que para chegar ao ponto que desejamos, temos que estar preparados para tudo, principalmente para as dores das perdas e as derrotas em determinadas batalhas.

A conquista de um sonho demanda muita perseverança, trabalho e dedicação extrema!

A PREGUIÇA

Onde quero chegar?

O torcedor brasileiro já deu mostras que o que move suas vidas é o futebol, mas o futebol de vitórias instantâneas. O brasileiro não admite perder, mesmo que esteja perdendo todos os dias e nem repare isso. O brasileiro gosta da ilusão, de que tudo está bem, é o hoje, o presente, o agora.

O boleiro brasileiro não deixa de caminhar nessa mesma estrada, é viciado em comodismo. Treinar demais às vezes “machuca”. 

Em qualquer situação no Brasil, qualquer experiência nova, qualquer modelo novo, vemos a resistência de uma nação, principalmente se aquilo exigir mais dedicação, empenho e aprendizado. Todos querem o momento sem pensar no futuro.

Desde a vinda do Diniz e suas ideias revolucionárias, não tão revolucionárias assim, vi uma esperança de novos tempos futuros para o Atlético e claro, tudo isso iria depender do quanto todos os envolvidos se disporiam a acreditar, aprender, trabalhar e se empenhar, para que um grande sonho possa ser realizado futuramente. Acontece que Diniz está esbarrando nos costumes brasileiros de sempre, falta de aplicação extrema dos envolvidos e paciência de outros!

Me disseram que esse esquema jamais dará certo no Brasil, pois o boleiro brasileiro não gosta do trabalho exaustivo. Concordo! Na Europa o boleiro chega e tem que “trampar”, pois se não fizer, coloca em risco toda sua carreira e até mesmo seu salário. Aqui não, aqui tudo é mais fácil de se ludibriar, afinal, encontram no imediatismo do torcedor brasileiro, o apoio principal que precisam. E assim todo o Brasil vai caminhando rumo ao fundo do poço e o futebol não é diferente, cada dia mais fraco tecnicamente, improdutivo e péssimo e “ai” daqueles que pensam em mudar esse drama, são crucificados pelo sistema, o sistema brasileiro de ser.

Ainda estou convicto daquilo que penso! Poderíamos futuramente, sem a necessidade de esperar uma mudança nas regras financeiras do esporte bretão, ter uma compensação em campo, com um sistema, um modelo diferenciado de jogo, que nos permitiria ser um “papa títulos”. Nosso clube construiu uma base que vai se solidificando cada dia, uma estrutura invejável e todos os requisitos necessários para se desenvolver um novo estilo vitorioso de futebol praticado no país

O grande problema é que essa revolução visando o futuro, encontrou um adversário maior que Globo, 12 do eixo, CBF, política, corrupção, Governo, mídia e afins,  e o maior adversário está sendo o próprio torcedor que não quer abrir mão do imediatismo para se tornar futuramente o maior também em campo. Esse imediatismo é que nunca deixará o Atlético ser totalmente grande dentro das 4 linhas e pode levá-lo ao fundo do poço novamente, em um piscar de olhos.

Hoje o que mais vejo é a palavra “DESESPERO”. Tudo é desespero, desespero de ser rebaixado, desespero disso, desespero daquilo, não pensam no futuro, pensam apenas no agora!

O JOGO

Em complemento a tudo que escrevi, vou exemplificar com a partida contra o Botafogo.

Hilário que em 30 minutos de jogo a bola correu suave nos pés atleticanos, sem muito esforço, bola de pé pra pé e algumas chances perdidas. O Botafogo se viu acuado e não recuou porque planejou, recuou porque não conseguia jogar, não via quase a cor da bola.

Comentar o absurdo pênalti marcado no lance do Zé Ivaldo, fará apenas aquela parte de nossa torcida que senta no colo da arbitragem brasileira acordarem para defender o juizão tendencioso que, se marcou de um lado, deveria ter marcado do outro também, pois os lances foram idênticos.

Que houve, que dos 30 minutos em diante o futebol desapareceu?

Desaprenderam? Foi sinistro ver a falta de empenho e dedicação!

Elenco rachado? Elenco isso? Elenco aquilo? Com um salário desses, nenhum boleiro pode se dar ao luxo de reclamar e deixar de lado a dedicação e empenho. 

Muitos de nós jogam o futebol semanal, até pagam cancha para isso e garanto que nenhum se atreve entrar em campo apenas para disputar, todos querem vencer e se doam para isso, para poder tirar um sarrinho dos “adversários” amigos.

Vejo jogadores das antigas contando suas histórias de caminhadas longas e pão com mortadela para não perderem treinos e ter ainda que entrar em campo e dar tudo de si, na busca de um futuro melhor. Não admito jamais tirada de pé ou falta de dedicação, seja qual for o motivo.

O futebol além de profissão é um laser, muitos dariam suas vidas por momentos de treinos e jogos.

ESQUEMA

Por esses dias recebi vídeos de uma escolinha de futebol em Araucária, com garotos de 11, 12 anos. Sistema de jogo? Mesmo de Diniz e pasmem, bola de pé pra pé sem deixar “cair”, uma "lavada" de futebol sério e toques rápidos sem firulas, exatamente como nosso time chegou a jogar no início da temporada e que de repente "desaprendeu".

Sinto que o esquema é muito cansativo! Todos os dias ter que se dedicar para aprender jogar nele é puxado, muito mais puxado do que aquele pedreiro que sustenta a família, batendo "reboco" o dia todo numa parede para levar o sustento para casa. Talvez, mais puxado até do que aquele coletor que passa o dia todo correndo de casa em casa recolhendo o lixo e não tem um mínimo de valor para a sociedade. Ou então, mais puxado do que para aquela mãe que trabalha em 2 empregos para sustentar e dar conta dos filhos que tem. Realmente um trabalho cansativo!

Se meninos de 12 anos estão conseguindo aprender e jogar rapidamente dentro do esquema, se todas as nossas categorias de base estão redondinhas jogando no esquema, porque os "adultos" não conseguem? Futebol não tem segredo!

Interessante é que lembro bem que a grande maioria se dizia envergonhada pelas vitórias do time com futebol feio, ocorridas em 2016 e nos jogos de 2017. Na maioria das vezes os comentários eram “prefiro ver a derrota do time jogando bonito, do que esse futebol horroroso de vitórias”. Hoje o clube busca o elo entre as vitórias e o futebol bonito para um futuro próspero, mas parece que alguns não querem ver onde verdadeiramente o clube pode chegar com essa ousadia, pois, já se sentem rebaixados!


2 comentários:

  1. O Flavio Prado defende o Diniz sozinho na Jovem Pan aqui em Sampa, mas pelo que vejo a chapa tá quente aí com os MI MI MI ... por outro lado o elenco é fraco mesmo e parece bem desestimulado, apático. Sem reação da equipe fica bem complicado e também vi o general surtado no último jogo. Algo foge ao controle do Diniz e aí com a choradeira geral onde vai terminar tudo isto ?

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